"Quanto aos anjos, diz: Quem de
seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo. ... Não são todos
eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de
herdar a salvação?" (Hb 1.6,7,14)
Anjos constituem uma raridade em nossos
púlpitos, por isso estas páginas foram escritas. Além disso, a insistência com
que se explora essa temática, especialmente pelos adeptos dessa onda de
misticismo que tem invadido as praias dos nossos dias, a ênfase dada pelo
movimento da Nova Era, que tem levado às raias do absurdo mais absurdo o
assunto do mundo angelical, e a exploração comercial em torno da ingenuidade e
das carências emocionais e afetivas do povo, é outro bom motivo para que se
reflita biblicamente sobre o tema.
Muita idéia de anjos vem de cartões de
Natal, de procissões da Semana Santa, de romances ou da mitologia grega (não
fala de um anjinho, Cupido, que lança uma flecha a qual, atingindo alguém, o
torna enamorado de outro? Muita idéia vem dessas fontes, e também do Movimento
Aquariano colocando no mesmo cesto fadas, duendes, gnomos, ondinas e anjos.
PRIMEIRAS IDÉIAS
Os seguidores da atual onda mística
afirmam que se pode incorporar os anjos aos programas de autodesenvolvimento e
auto-ajuda, do mesmo modo com fazem com as fadas, os duendes e outros seres
míticos. E se é o caso de teremos uma descrição dos anjos de acordo com a Nova
Era, dirão eles
o seguinte: "carinha linda, asas, roupas esvoaçantes e
halo sobre a cabeça"(1) E completam dizendo que apreciam uma abordagem
direta, têm grande senso de humor (gostam de rir, portanto), são felizes,
alegres, brincalhões, amigáveis; o tempo não é um dos seus pontos fortes, e,
desta maneira, perdem-se em divagações, ou seja, a cabeça dos anjos não
funciona muito bem, não têm muita memória.(2) Essas afirmações não se
assemelham, nem de longe, a qualquer das descrições ou características dos
anjos de acordo com a Bíblia Sagrada. E menos ainda, quando os místicos os
confundem com o que chamam de "elementais", e fazem a classificação
dos seres no ar, na terra, na água e no fogo:
No ar: fadas e silfos;
na terra: gnomos, duendes, elfos,
dríades e ninfas;
na água: ninfas da água, náiades e
ondinas;
no fogo: salamandras.(3)
Na verdade, essas esdrúxulas idéias e
suas elaborações vêm de uma fonte chamada gnosticismo, movimento
filosófico-teológico que já nos primeiros dias da Igreja Cristã deu muito
trabalho. E isso porque enfatizava, como enfatiza ainda hoje, a idéia de que os
anjos são expressões ou extensões de Deus, e pregam, também, que eram e são
intermediários entre os homens e Deus.
Uma coisa é certa: a Bíblia, tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento, trata esse assunto com muita seriedade, com o
máximo de seriedade a ponto de dar a melhor definição de quem sejam os anjos, a
qual se encontra em Hebreus 1.14;
"Não são todos eles espíritos
ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a
salvação?"
Ou como diz a Bíblia na Linguagem de
Hoje:
"Então, o que são os anjos? Todos
eles são espíritos que servem a Deus e são mandados para ajudar os que vão
receber a salvação".
Martinho Lutero, o Reformador, expressou
isso parafraseando Hebreus:
"O anjo é uma criatura espiritual
sem corpo, criada por Deus para o serviço da Cristandade e da Igreja"(4)
OUTROS CONCEITOS
A palavra anjo não é portuguesa. Na
verdade, vem da língua grega através do latim. Em grego, dizem aggelos, daí
para o latim angelus e para o português anjo. No Antigo Testamento, o vocábulo hebraico
correspondente é malach.(5) Significam todas elas
"aquele-que-traz-mensagem", "aquele-que-é-enviado",
"mensageiro". O Pr. Vassílios Constantinides, Diretor nacional da
APEC e grego de origem, confirmou-nos o que havia sido lido no dicionário. Disse:
"em grego, 'carteiro' é "anjo",
"o-que-traz-uma-mensagem". Palavra, portanto, que indica uma função.
E, na Bíblia, vemos que Deus envia profetas como seus mensageiros,(6) envia
sacerdotes(7), diz que homens enviam outros homens(8). De sorte, que a Bíblia
apresenta o fato de que anjos são personalidades com função determinada, ou
seja, a de trazer uma mensagem de Deus para nós.
A Bíblia não apresenta qualquer
descrição detalhada dos anjos. Eu, na verdade, nunca vi um anjo (apesar de
Ariete dizer que estou vivendo com um há 36 anos). A Bíblia menciona sua
existência como um fato, mostrando que têm eles uma parte relevante no plano de
Deus para o ser humano(9).
Voltando à Carta aos Hebreus: "Não
são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que
hão de herdar a salvação?" (1.14). Quero tomar duas palavras deste texto
para servir de base para esta mensagem. Primeiramente, "espírito", e,
em seguida, "ministradores".
ESPÍRITOS...
A idéia básica da palavra
"espírito", por incrível que possa parecer, vem de "vento,
ar". Realmente, tanto na língua hebraica quanto na grega, os vocábulos que
se traduzem por "vento, ar, hálito, alento, respiração, fôlego e espírito"
são os mesmos. Tanto faz dizer ruach, que é a palavra hebraica, quanto dizer
pneuma, que é grega. Sim; o ar é algo muito real, mas não podemos vê-lo a olhos
vistos, com perdão da redundância. Podemos? Mas ele é real: sabemos que ele nos
circunda, mas não o vemos. Assim são os espíritos, e assim são os anjos: reais,
mas não os vemos, puros espíritos. Filon de Alexandria os chamava de
"incorpóreos" (apesar de poderem aparecer em certas ocasiões com
corpos humanos)(10). Mas a Bíblia prefere chamá-los de "espíritos",
como em hebreus 1.14, "espíritos ministradores".
Aprendemos com a Bíblia que são
superiores ao ser humano em inteligência, em vontade e em poder (11). Têm
personalidade e responsabilidade moral como nós o temos. No entanto, apesar de
sua inteligência ser sobre-humana, é limitada. Ou seja, não são oniscientes (só
Deus o é), não conhecem o futuro (isso pertence a Deus), não conhecem os
segredos de Deus(12). Por causa da vontade livre deles, alguns anjos pecaram, e
a Bíblia faz referência a essa Queda de um grupo de anjos(13). O poder dos
anjos que é delegado, nos supera em muito conforme tantos testemunhos na
Escritura Sagrada(14). Isso quer dizer, então, que os anjos têm todos os
elementos essenciais da personalidade, e além dos acima mencionados, possuem
sensibilidade, emoções, e são capazes de adorar a Deus com inteligência (Sl
148.2).
E porque o Deus Vivo e Verdadeiro é Deus
de ordem e não de confusão(15), os anjos estão organizados em uma hierarquia.
E, realmente, amado, quando fazemos o estudo dos anjos, distinguimos três
etapas. Primeiramente, o que fala a Bíblia até o Exílio na Babilônia; em
seguida, do Exílio ao Novo Testamento, quando veio Jesus e ministrou entre nós;
e, por último, o Novo Testamento.
É interessante que do início da História
Sagrada até o Exílio (c. 527 a.C.), observamos que não há uma angelologia
elaborada. O que temos são narrativas, bem lineares, até. E há uma presença
marcante: a de uma figura chamada "o Anjo do Senhor". Vemos no
Gênesis, em Êxodo e outros dessa primeira fase, a sua presença ostensiva e
marcante.
Do Exílio em diante, a crença, a
princípio simples, vai tomar um desenvolvimento muito especial. Existe,
inclusive o surgimento de toda uma literatura chamada pelos estudiosos do
assunto de intertestamentária, que surgiu entre o último profeta da Antiga
Aliança (Malaquias) e o primeiro da Nova Aliança (João, o Batista). Não são
anos de tanto silêncio, como geralmente se ensina. Há uma literatura denominada
intertestamentária, como já destacado, notadamente encontramos literatura dessa
época nos livros de Daniel e Zacarias, livros que mencionam a presença de
anjos.
O Novo Testamento, por sua vez, reflete
os principais ensinos do Antigo Testamento, e categorias e conceitos da
literatura intertestamentária.
Anjos são organizados como um exército.
Interessante e bonito isso! No topo estão os arcanjos, anjos comandantes,
chefes(16). Menciona em seguida tronos, dominações, principados, potestades,
virtudes, que sejam designações hierárquicas dos anjos numa elaboração de um
esquema bem organizado (cf. Cl 1.16; Rm 8.38; Ef 1.21).
Paulo, em Efésios 6, coloca essas
categorias ou hierarquias no exército do Maligno também (17). Existe o exército
de Deus, mas o Maligno tem igualmente o seu com os mesmos princípios: um
arcanjo, que é Lúcifer, encontrando-se, do mesmo modo, principados, potestades,
dominações, etc. Paulo, mesmo, declara que Jesus Cristo já desarmou e venceu
essas forças da malignidade:
"e havendo riscado o escrito de
dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário,
removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados
e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz" (Cl
2.14,15).
Na verdade, ainda sentimos os efeitos
dessa força maligna porque ainda estamos nesta carne, porque ainda estamos no
tempo, mas a Bíblia já declara a vitória do Senhor sobre as forças do Inferno.
Jesus cravou na cruz a nossa malignidade, o nosso pecado! Por essa razão, os
crentes não podem se desencaminhar pelo culto dos anjos, e Paulo fala disso
também nesse mesmo capítulo: "Ninguém atue como árbitro contra vós,
afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto,
inchado vãmente pelo seu entendimento carnal" (v.18). Esse culto aos anjos
estava sendo levado pelos gnósticos para dentro das igrejas, ensinando que os
anjos eram intermediários entre a pessoa e Deus. Está, aliás, retornando com
toda força como o faziam os gnósticos dos tempos apostólicos, como influência
do platonismo, e das escolas teosóficas que desaguaram no gnosticismo, assim
como influência da Cabala. Querem fazer os anjos superiores a Cristo e ao
Espírito Santo (Ele que é o nosso guia, e não os anjos(18); querem elevar os
anjos a divindades, mesmo que sejam divindades menores, os devas(19).
E os querubins e os serafins? Falamos há
pouco sobre a hierarquia, e não foram mencionados. Querubins e serafins não
são, a rigor, anjos. Nunca são apresentados na Bíblia como portadores de
mensagens. Querubins são símbolos dos atributos divinos. Onde há querubins, o
divino está presente ou está perto, razão porque são guardiães do jardim(20),
da arca da aliança(21), do trono de Deus(22). Defendem a santidade de Deus de
qualquer pecado(23).
E os serafins? A palavra serafim é
interessante porque em hebraico o verbo saraph significa "arder, pegar
fogo, queimar". O serafim é "aquele-que-queima"; o que queima
purifica: é, então, "aquele-que-purifica". São guardiães, também, da
santidade do Eterno lembrando o fogo e sua obra de purificação. E, realmente,
só aparecem os serafins uma vez em Isaías 6, na visão do profeta, com seis
asas. A propósito, anjo tem asas? Não; a figura das asas em anjos é para
mostrar graficamente a presteza, a velocidade com que executam as ordens de
Deus. No entanto, não vamos encontrar os mensageiros de Deus com asas em
Sodoma, ou guiando Agar no deserto, ou o povo de Deus na peregrinação no
deserto. A única menção é a dos serafins, e outra no Apocalipse a respeito de
anjos alados(24).
E o arcanjo? Na Bíblia só aparece o nome
de um que é Miguel(25). E tem ele sempre papel combativo. Quem é Miguel? Qual a
diferença de Miguel para Gabriel? Miguel é aquele que está relacionado a
missões guerreiras; é quem comanda as batalhas do Senhor. Então, sempre que
lerem ou ouvirem o nome Miguel, lembrem-se que é ele o anjo guerreiro por
excelência(26). É o mensageiro da lei e do julgamento(27), e seu próprio nome
que é, aliás, uma pergunta retórica, é um grito de batalha e significa
"QUEM É COMO DEUS?"e tem como resposta: "Ninguém!" Quem
pode ser como Deus? Um hineto muito apreciado em nossas
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