Útil ao Senhor?
"Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo Atos
1.8
"Mas enchei-vos do Espírito." Efésios5.18 "Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes
erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra." 2 Timóteo 2.21
Certa feita o Brasil comprou dois gramas de rádio. Apesar de
sua insignificante quantidade, este preciosíssimo metal veio acondicionado em
629 quilos de chumbo para não contaminar os que se encontrassem ao seu alcance.
Calcula-se que esses dois gramas de rádio durem pelo menos duzentos anos! De um
fragmento microscópico, colocado atrás duma chapa de metal fluorescente,
irradiam-se ininterruptas faíscas. Mesmo submerso no frio intenso do hidrogênio
liqüefeito, não cessa de dispender luz e calor. A radioatividade é contínua..
Aquele que criou o rádio quer que todos os seus filhos
também tenham vida em abundância, vida que emita luz e calor ininterruptos num
mundo que está cheio de incredulida¬de. O Senhor Jesus assim vivia. Não se
podia esconder do povo, nem quando entrava em casa querendo que o ignorasse (Mc
7.24). Transbordava de virtude. Bastava aos doentes tocarem nas fímbrias de
suas vestes para que fossem curados.
Semelhantemente, a vida de Jesus não é para aquele que se
sente tentado a dizer: "Não posso achar tempo para o culto doméstico, nem
para a oração ou para a leitura da Bíblia". Apesar de tantas ocupações,
sempre há os que vencem para seguir o exemplo de Moisés, Daniel e outros homens
que foram poderosos em oração. O que dizer do amado Salvador que, embora
estivesse constantemente ocupado com as mul¬tidões, mantinha permanente contato
com o Pai?
A vida espiritual, que emite luz e calor ininterruptos, como
na ilustração do rádio, também não é para os que, formalmen¬te, se limitam a
orar, ler a Bíblia, pagar os dízimos etc. Mas para os que fazem tudo isto com
espírito de verdadeira adoração. Disse certa moça quando lhe pediram que
explicas¬se o sentido da leitura devocional da Bíblia: "Recebi ontem uma
carta de alguém a quem tenho entregado o meu coração, e devotado toda a minha
vida. Confesso que li a carta cinco vezes, não porque não a entendesse à
primeira leitura, nem porque pensasse em ganhar o favor do autor por meio da
leitura repetida da sua epístola. Li-a porque estou devotada a quem me
escreveu''. A leitura da Bíblia, feita com este motivo, é devocional; para quem
a lê neste espírito é, em todos os sentidos, uma carta de amor.
Essa moça tinha razão. E impossível alcançar o alvo de orar todas
as manhãs, fazer o culto doméstico diário, dedicar o domingo a Deus e levar
almas ao Salvador, sem a unção do Espírito Santo. A unção é como o óleo na
máquina pesada e seca; é como a energia elétrica no fio ligado ao bonde.
Segue-se, portanto, que devemos pedir o Espírito Santo antes de tudo (Lc 11.12;
At 8.15; Ef 5.18; Lc 24.49; At 1.8).
Pode-se comparar a nossa radioatividade espiritual, não só
ao metal acima citado (rádio), mas ao próprio receptor do mesmo nome. Ninguém
se engana ao ouvir um programa de rádio, pensando que a música e os discursos
vêm da sabedoria e aptidões do aparelho, pois todos sabem que vêm dos
profissionais que, perante o microfone, dão vida aos nossos receptores. Da
mesma forma, temos de esperar poder e eloqüência próprios do crente.
Certo homem, que foi ouvir Hudson Taylor, conta como ficou
desapontado quando o famoso, porém humilde missio¬nário, levantou-se para
falar. Era de baixa estatura, aparência comum e falava com voz fina e alta. Mas
o ouvinte desapon¬tado, subitamente achou-se na presença de Deus. O
missioná¬rio desprezível o levara para os "lugares celestiais".
Mas, por que nem todos os crentes estão cheios de energia,
transmitindo música e mensagens como o rádio? É porque, como o rádio, não têm
sempre o coração sintonizado com o posto emissor de Deus. As irradiações do
coração de Deus são ininterruptas, mas o nosso coração, receptor, não as
percebe. "Enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18), só pode significar
prepa¬rar o coração para receber estas ondas espirituais do céu.
Quando o general Booth foi interrogado acerca de seu poder,
respondeu: "Vou dizer-vos o segredo. Deus tem tudo o que há em mim. Há
homens com mais mentalidade do que eu, homens com oportunidades maiores, porém,
desde o dia que senti na alma a condição dos pobres de Londres, e foi-me
revelado o que Jesus Cristo pode fazer-lhes, resolvi que Deus havia de possuir
tudo o que há em mim. E se houvesse alguma coisa de poder no Exército de
Salvação, é porque Deus recebia toda a adoração da minha alma, toda a força da
minha vontade para com Ele, e toda a influência da minha vida".
Tudo é questão de nos entregarmos inteiramente ao Espí¬rito
Santo.
Conta-se que Mendelssohn, certa vez, entrou na grande
catedral de Friburgo, onde estava o maior órgão do continen¬te. Então rogou ao
velho zelador que o deixasse tocar o órgão.
- Não, o instrumento é de tanto valor que é proibido aos
estranhos tocá-lo.
- Mas, eu
não o estragarei, e o senhor pode ficar ao meu lado, retrucou Mendelssohn.
O velho, por fim, cedeu, e Mendelssohn subiu, sentou-se e
começou a passar as mãos sobre as teclas. Do grande órgão saíram tão doces
melodias e tão raras harmonias que o velho zelador ficou encantado e exclamou:
- Ora,
quem é o senhor?!
- Meu nome
é Mendelssohn.
- E
eu não queria que Mendelssohn, o grande mestre de música, tocasse no órgão...!
disse o
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