Posted by : Francisco Souza
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Uma vez que é difícil para a mente humana compreender o problema da origem do pecado, podemos dizer que, biblicamente, a primeira demonstração de pecado ocorreu quando Satanás, por causa da soberba, foi expulso da presença de Deus. "E tu dizias no teu coração; Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte" (Is 14.13). Essa passagem não se refere apenas ao rei de Tiro, mas também, no seu sensus plenior, a Satanás (Lc 10.18).
A soberba e a prepotência foram os elementos que provocaram o primeiro pecado. A essência do pecado é, portanto, arrogância
deseja de ser igual a Deus, a asserção da independência humana contra Deus, a constituição da razão, moralidade e cultura autônomas. "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" (Gn 3.1).
O pecado, portanto, originou-se da livre escolha do homem em querer tornar-se como divindade. Pois, disse a serpente à mulher,
para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.5,6).
A conseqüência do pecado
Quando Adão, deixando de obedecer a Deus, caiu em transgressão, ele não só prejudicou a si mesmo como também a toda a raça humana, a quem ele representava (Rm 5.12). O primeiro efeito da desobediência de Adão foi à morte, na expressão redundante do hebraico: "morrendo morrerás" (Gn 2.17). Não se tratava tão-somente da morte física, porém, porque fisicamente Adão continuou vivendo, mas da morte espiritual, a separação de
Deus (Ef 2.1-5). Por isso quando se dá ã conversão do pecador a Deus, ele (o pecador) recebe vida espiritual, que antes não existia nele em conseqüência da transgressão de Adão (Rm 5.12-14). Á pior conseqüência do pecado é a morte, tanto a espiritual e física quanto a eterna (Gn 3.19; Ap 20.14; 21.8). A morte, na linguagem bíblica, será o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26).
O pecado, portanto, trouxe várias e terríveis conseqüências aos homens, entre as quais a morte eterna, que significa uma existência de sofrimento resultante da separação eterna de Deus numa existência má e degradante.
A natureza do pecado
O caráter santo de Deus é norma absoluta, única e final para o julgamento dos valores morais. Não há, portanto, norma moral à parte de Deus. Logo, pode-se declarar, sem medo de estar errando, que o pecado é mau porque é diferente de Deus.
O pecado, visto por essa ótica, é descrito como
transgressão de qualquer das leis de Deus, as quais foram dadas como norma para a criatura racional. O pecado c um ato e um estado da vontade pessoal contra Deus e sua vontade. Origina-se da totalidade da pessoa arraigada e relacionada com aquilo que transcende a mesma pessoa, expressa-se na complexidade da força e da fraqueza da pessoa e resulta na distorção de todas as relações pessoais.
Conforme o ensino das Escrituras Sagradas, todo homem está afastado de Deus pela corrupção do pecado. Essa natureza consiste na perda da justiça original que o homem tinha antes de pecar. Por conseguinte, todo homem está corrompido, e essa corrupção manifesta-se em uma aversão a todo o espiritual, uma inimizade com Deus e uma inclinação positiva para o mal. Portanto, o pecado, em sua natureza, envolve tanto a culpabilidade quanto a corrupção. O estado de pecado em que o homem caiu consiste no crime do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original, na corrupção de toda sua natureza, o que ordinariamente
é chamado de pecado original.