Posted by : Francisco Souza
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
(a) No período patrístico - Pelos chamados
pais apostólicos e pelos apologetas a igreja é geralmente apresentada como a
Communio Sanctorum, o povo de Deus que Ele escolheu por possessão. Não se viu
logo a necessidade de fazer distinções. Mas já na Segunda parte do século
segundo houve uma mudança perceptível.
O surgimento de heresias tornou imperativa a enumeração de algumas características pelas quais se conhecesse a verdadeira igreja católica. Isso teve a tendência de fixar a atenção na manifestação externa da igreja. Começou- se a conceber a igreja como uma instituição externa governada por um bispo como sucessor direto dos apóstolos e possuidor da tradição verdadeira. A catolicidade da igreja recebeu forte Ênfase.
O surgimento de heresias tornou imperativa a enumeração de algumas características pelas quais se conhecesse a verdadeira igreja católica. Isso teve a tendência de fixar a atenção na manifestação externa da igreja. Começou- se a conceber a igreja como uma instituição externa governada por um bispo como sucessor direto dos apóstolos e possuidor da tradição verdadeira. A catolicidade da igreja recebeu forte Ênfase.
As Igrejas locais não eram consideradas como unidades separadas, mas
simplesmente como partes
componentes da igreja universal una e única. O
mundanismo e a corrupção crescentes nas Igrejas foram levando aos poucos a uma
reação e deram surgimento à tendência em várias seitas, como o Montanismo em
meados do segundo século, o novacianismo nos meados do terceiro e o donatismo
no início do quarto, de fazer da santidade dos seus membros a marca da igreja
verdadeira.Os pais primitivos da igreja, assim chamados, ao combaterem esses sectários, davam ênfase cada vez maior à instituição episcopal da igreja. Cabe a Cipriano a distinção de ser o primeiro a desenvolver plenamente a doutrina da igreja em sua estrutura episcopal. Ele considerava os bispos como reais sucessores dos apóstolos e lhes atribuía caráter sacerdotal em virtude da sua obra sacrificial. Juntos os bispos formavam um colégio, chamado episcopado, que, como tal, constituía a unidade da igreja. Assim, a unidade da Igreja estava baseada na unidade dos bispos.
Os que não se sujeitavam ao bispo perdiam
o direito à comunhão da igreja e também à salvação, desde que não há salvação
fora da igreja. Agostinho não foi totalmente coerente em sua concepção da
igreja. Foi sua luta com os donatistas que o compeliu a refletir mais profundamente
sobre a natureza da igreja. De um lado, ele se mostra o predestinacionista que
concebe a igreja como a companhia dos
eleitos, a communio sanctorum, que têm o
Espírito de Deus e, portanto, são caracterizados pelo amor verdadeiro. O
importante é ser membro vivo da igreja assim concebida, e não apenas pertencer
a ela num sentido meramente externo. Mas, de outro lado, ele é o homem de
igreja, que adere à idéia da igreja defendida por Cipriano ao menos em seus
aspectos gerais.A igreja verdadeira é a igreja católica, na qual a autoridade apostólica tem continuidade mediante a sucessão episcopal. É depositária da graça divina, que ela distribui por meio dos sacramentos. Esta igreja é, de fato, um corpo misto, no qual têm lugar membros bons e maus. Em seu debate com os donatistas, porem,Agostinho admitia que aqueles e estes não estavam na igreja no mesmo sentido. Ele preparou também o caminho para a identificação católica romana da igreja com o reino de Deus.
(b) Na Idade Média - Os Escolásticos não
tinham muito que dizer acerca da igreja. O sistema de doutrina desenvolvido por
Cipriano e Agostinho estava completo, e precisava apenas de uns pequenos
re-toques de acabamento para chegar ao seu desenvolvimento final. Hugo de S.
Victor fala da igreja e do estado como os dois poderes instituídos por Deus
para governarem o povo. Ambos são de constituição monárquica, mas a igreja é o
poder superior, porque ministra a salvação dos homens, ao passo que o Estado só
providencia o seu bem-estar temporal.
O rei ou imperador é o chefe do estado,
mas o papa é o chefe da igreja. Há duas classes de pessoas na igreja, com
direitos e deveres bem definidos:os clérigos dedicados ao serviço de Deus, que
constituem uma unidade; e os leigos, que consistem de pessoas de todas as esferas
da vida e que constituem uma classe totalmente separada. Passo a passo a
doutrina do papado foi-se desenvolvendo,até que, por fim, o papa se tornou
virtualmente um monarca absoluto.
O crescimento desta doutrina foi auxiliado,
em não pequena medida, pelo desenvolvimento da idéia
de que a igreja católica
era o reino de Deus na terra, e, portanto, o bispado romano era um reino
terreno. Esta identificação da igreja visível e organizada com o reino de Deus
teve conseqüência de longo alcance: 1- Exigia que tudo fosse colocado debaixo
do poder da igreja: o lar e a escola, as ciências e as artes, o comércio e a
indústria, e tudo mais. 2 - Envolvia a idéia de que todas as bênçãos da
salvação chegam ao homem unicamente por meio das ordenanças da igreja, em particular,mediante
os sacramentos. 3 - Levou á
gradual
secularização da Igreja, visto que esta começou a dar mais atenção à política
do que à salvação dos pecados e, finalmente, os papas reivindicaram domínio
sobre os governantes seculares também.
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