Posted by : Francisco Souza
segunda-feira, 6 de março de 2017
O Conceito Bíblico do Pecado
A Bíblia utiliza muitas palavras, tanto em hebraico como em grego, para definir o conceito de pecado:A) NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Hata – Significa “errar o alvo”. Seu equivalente grego é hamartano. A ideia é que o homem, ao errar o alvo, atinge outro lugar, o lugar errado. Essa palavra designa pecados morais, idolatria e pecados cerimoniais (Ex 20.20; Jz 20.16; Pv 8.36; 19.2);
2. Ra – Muitas vezes indica calamidade e frequentemente é traduzindo como “mal” ou “perverso”. Pode indicar algo moralmente errado (Gn 3.5; 38.7; Jz 11.27). O texto de Isaías 45.7 é controverso quanto ao sentido entre calamidade e mal, cuja interpretação mais aceita é calamidade ou “mal punitivo”;
3. Pecha – “Rebelar”, “transgredir” ou “revoltar” (1Rs 12.19; 2Rs 3.5; Sl 51.13; Is 1.2);
4. Aon – “Iniquidade” ou “culpa” (1Sm 3.13; Is 53.6; Nm 15.30-31);
5. Shagah – “Errar” ou “extraviar-se” como uma ovelha ou um bêbado (Is 28.7; Nm 15.22);
6. Asham – Significa “culpado”, tem a ideia de “culpa perante Deus” e aparece muito em rituais no tabernáculo e no templo (Lv 4.13; 5.2-3);
7. Rasha – “Perverso” ou “impiedade”, o contrário de justiça (Ex 2.13; Sl 9.16; Pv 15.9; Ez 18.23);
8. Taah – “Vaguear” ou “extraviar-se”. Indica pecado deliberado, não incidental (Nm 15.22; Sl 58.3; 119.21; Is 53.6).
Com o estudo dessas palavras hebraicas podemos chegar a estas conclusões sobre o pecado:
a) O pecado pode assumir muitas formas e cada homem podia estar ciente da forma particular do seu pecado;
b) O pecado é aquilo que contraria uma norma e, por fim, acaba sendo desobediência a Deus;
c) A desobediência envolve tanto a omissão como o erro deliberado. O pecado também não é apenas errar o alvo, mas acertar o lugar errado.
B) NO NOVO TESTAMENTO
1. Kakós – Significa “algo ruim”. Pode referir-se a um mal físico, mas normalmente indica um mal moral (Mt 21.41; Mc 7.21; At 9.13; Rm 12.17);
2. Ponerós – Termo básico para mal e quase sempre indica mal moral (Mt 7.11; Rm 12.9). Também é usado para referir-se a Satanás (Mt 13.19,38; 1Jo 2.13-14). Demônios também são chamados de “espíritos malignos” (Lc 11.26; At 19.12);
3. Asebês – Significa “ímpio” e designa aqueles que não foram salvos (Rm 4.5; 5.6; 1Tm 1.9; 1Pe 4.18);
4. Énochos – “Réu” ou “culpado” e geralmente denota alguém que pratica um crime passível de morte (Mt 5.21-22; Mc 14.64; 1Co 11.27; Tg 2.10);
5. Hamartia – Palavra mais usada para falar de pecado. Significa “errar o alvo”. No NT quase sempre ocorre no contexto que fala de perdão ou de salvação (Mt 1.21; Jo 1.29). Outras referências úteis são Rm 5.12; 1Co 15.3;e Tg 1.15;
6. Adikía – Em sentido amplo se refere a qualquer conduta errada. É usado para falar de pessoas não salvas (Rm 1.18), dinheiro (Lc 16.9) e ações (2Ts 2.10);
7. Anomos – Significa “sem lei” e é frequentemente traduzido como “transgressão” ou “iniquidade” (Mt 13.41; 24.12; 1Tm 1.9);
8. Parabátes – “Transgressor” e é usada quando há violações específicas da lei (Rm 2.23; Gl 3.19; Hb 9.15);
9. Agnoema – Se refere ao adorador que pratica uma adoração falsa, o que o torna culpado e necessitado de um sacrifício (At 17.23; Rm 2.4; Hb 9.7);
10. Planáo – “Desgarrar” (1Pe 2.25), levar alguém para um caminho mau (Mt 24.5-6) e enganar-se a si mesmo (1Jo 1.8).
11. Paraptôma – A ideia dessa palavra é de “cair ao lado de”, na maioria das vezes de modo deliberado. Com frequência é traduzida como “ofensa” (Mt 6.14; Rm 5.15-20; Gl 6.1);
12. Hypókrisis – Incorpora três ideias: “Interpretar falsamente”, como faria um oráculo; “fingir”, como faria um ator; e “seguir uma interpretação” reconhecidamente falsa (1Tm 4.2).
O estudo dessas palavras gregas nos leva a algumas conclusões sobre o pecado:
a) Sempre existe um padrão claro contra o qual o pecado é cometido;
b) No final de tudo, o pecado é uma rebelião contra Deus e uma transgressão de seus padrões;
c) O mal pode assumir muitas formas;
d) A responsabilidade do homem é entendida de forma clara e definitiva.