Posted by : Francisco Souza
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Abigail uma mulher sabia
Há pessoas que são especialistas em construir muros: vivem erguendo barreiras entre aqueles com os quais convivem, trabalham, estudam, congregam. Fazem isto promovendo discórdias, semeando contendas, espalhando fofocas, denegrindo a imagem de outro, inventando histórias. Não é sem razão que, de um modo geral, tantas crises façam parte das relações humanas. Mas hoje vamos ler sobre uma mulher que era especialista em construir pontes. O seu nome? Abigail. Além de linda, ela era sábia e usou essa sabedoria para construir uma ponte entre Davi e Nabal, o seu marido.
Logo depois do sepultamento de Samuel,
Davi partiu e desceu de Parã, região desértica e inóspita. Desse lugar, soube
que Nabal estava cortando a lã das suas ovelhas, num vilarejo chamado Carmelo.
Esse pecuarista, extremamente poderoso e próspero, descendente do famoso Calebe,
era casado com Abigail, uma mulher muito linda e muito gentil. O tempo da
tosquia era um tempo de mostrar hospitalidade e generosidade, quando os
envolvidos eram servidos com muita comida e bebida. Sendo assim, esta era a
ocasião certa para Davi pedir uma ajuda a Nabal. Foi o que fez. Enviou a Nabal
dez homens, com o objetivo de solicitar-lhe ajuda material para suprir as
necessidades daqueles que o acompanhavam. Davi e os que o seguiam nunca tiveram
contato pessoal e direto com aquele homem abastado. Mas, em outro tempo, em
campo aberto, tiveram contato com aqueles que pastoreavam o seu rebanho. Nessa
época, Davi e o seu bando – formado, na maioria, por pessoas endividadas,
insatisfeitas, empobrecidas – poderiam ter atacado os pastores e roubado o
rebanho de Nabal. Mas fizeram exatamente o contrário: foram como um muro ao
redor deles, protegendo-os e ajudando-os contra possíveis ataques de ladrões
violentos e animais ferozes do deserto. O pedido de Davi, portanto, era
razoável. Ainda hoje, esta espécie de
“preço de proteção” é regularmente arrecadado pelos beduínos, nas fronteiras entre as terras desérticas e as terras cultivadas.
Ao chegarem à presença de Nabal, os
homens enviados fizeram uma abordagem altamente diplomática e civilizada.
Fizeram exatamente conforme a orientação de Davi. Mas foram tratados com
desprezo por Nabal, cujo nome significa “estupidez e insensatez”. Davi ficou
grandemente indignado com aquele tratamento desrespeitoso e convocou,
imediatamente, quatrocentos homens bem armados com afiadas espadas para
subirem ao encontro daquele homem a fim de matar a ele e toda sua casa.
Nesse meio tempo, um dos servos de
Nabal correu para avisar Abigail sobre o que havia acontecido. Ele viu que o
patrão agiu grosseramente e imaginou que o pior poderia acontecer.
Provavelmente, sabia que Abigail era cheia de sabedoria e faria algo para
consertar essa história. E fi exatamente o que ela fez. Agiu com extrema
prudência, apaziguo o coração de Davi, pediu perdão e o fez reconhecer que a
vingança não era a melhor decisão naquele momento. O Espírito de Deus tomou as
palavras de Abigail como espada afiada e atingiu o coração de Davi. O
valente guerreiro ficou profundamente comovido. Ele passou a pesar todos os
acontecimentos, consultar a consciência, considerar o preço daquela decisão
pecaminosa, pensar no futuro. Davi, então, voltou atrás no seu voto. O
verdadeiro Davi, então, reapareceu. Ficou tão grato que louvou a Deus por
aquele encontro, fruto não da casualidade, mas, sim, da providência divina:
"Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu
encontro". Diante de tão grande livramento – pois essa atitude vingativa
desagradaria a Deus e
desonraria seu nome - Davi agradeceu a Deus e a Abigail
(I Sm 25:33-35).
Após cumprir a sua missão de paz, "voltou
Abigail a Nabal" (I Sm 25:36a). Essa volta de Abigail para o marido é
incrível. Ela não estava voltando para um marido generoso, carinhoso,
tranqüilo, mas para um marido mesquinho e grosseiro. Abigail, porém, não o
abandonou, mas retornou para ele. Ela teve a chance de fugir com Davi, mas não
fugiu. Ao chegar a sua casa, Abigail se deparou com um banquete suntuoso e um
marido embriagado. Ela logo notou que aquela não seria a melhor ocasião
para conversar com ele – mas uma vez, foi sábia – e pela manhã, contou a Nabal
tudo que havia ocorrido. Qual foi a reação de Nabal? "Ele teve um ataque e
ficou completamente paralisado" (I Sm 25:37b – NTLH). Dez dias após,
"feriu o SENHOR a Nabal, e este morreu" (I Sm 25:38). Como Abigail
havia dito, Deus cuidou da causa de Davi. Ao saber disso, Davi, novamente,
louvou a Deus, dizendo: "Ele me vingou de Nabal, que me insultou. E
assim livrou este seu servo de fazer o mal. O SENHOR castigou Nabal por sua
maldade" (I Sm 25:39a – NTLH). Depois disso, "mandou Davi falar a
Abigail que desejava tomá-la por mulher" (I Sm 25:39b). Abigail aceitou e
se apressou em partir para junto dele (I Sm 25:40-42).
O senso de urgência de Abigail fica
evidente na narrativa. Assim que soube das resoluções do coração de Davi,
Abigail apressou-se para apaziguá-lo e pacificá-lo. Uma tragédia foi evitada!
Talvez você conheça alguém que tenha resolvido nunca mais pôr os pés na igreja,
que tenha resolvido abandonar o cônjuge, que tenha resolvido vingar-se
de alguém, que tenha resolvido entregar-se às aventuras da carne... Mas não
fique inerte e imóvel diante disso. Mova-se! Não seja vagarosa! Trilhe o
caminho da pacificação. Inicie-se na arte de pacificar conflitos. Deus pode
usar você para ajudar alguém a revogar uma decisão que poderia trazer remorso,
angústia e tristeza. "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão
chamados filhos de Deus" (Mt 5:9).
Abigail não tinha somente senso de
urgência, mas tinha senso de prudência. A sua prudência pode ser vista,
principalmente, no seu jeito de falar. Seis vezes chamou a si mesma de “tua
serva” e oito vezes chamou a Davi de “meu senhor”. A sua fala era humilde e
tranqüila. Não foi à toa que Davi a louvou. Há mulheres que não sabem falar sem
elevar o tom da voz. Mas é só por meio da prudência e com mansidão que
conserta-se um conflito. Abigail
também sabia que a verdadeira Justiça vem de Deus. Na hora em que ouviu dizer
que Davi queria matar o seu marido, Abigail poderia ter dito: “Pode
matar o meu marido. É o que ele merece”. Mas não disse. Ela deixou Deus
fazer a justiça na hora certa e do modo certo! Por favor, preste atenção:
sempre que você perceber que não pode fazer mais nada, espere pelo Senhor: Só
Deus pode gerar justiça, e ele nos convida a sermos seus parceiros no que se
refere a causas que nos envolvem ou que envolvem outras pessoas. Coloque a
injustiça sofrida diante de Deus, que a tomará como uma causa Dele. Deixe-se
instruir por Ele sobre os caminhos a serem seguidos. Quando você faz o que é
certo, Deus cuida de encaminhar as situações da melhor forma. Deus quer
que você seja uma pacificadora, alguém que atua restaurando e fortalecendo
relacionamentos. Peça-lhe autocontrole para neutralizar a gritaria com palavras
suaves; para responder às ameaças com tranqüilidade; para falar claramente, sem
usar de sarcasmo; para não fazer intrigas; para não ser um permanente
alimentadora de fofocas e não fomentar contendas; para ser uma melhor ouvinte e
uma melhor observadora. Seja um pacificador ativa; construa pontes de
aproximação. O pacífico deseja a paz, mas o pacificador promove a paz.
Uma mulher pacificadora encoraja à reconciliação e estabelece o entendimento.
Assim, valorize os relacionamentos e esforce-se, ao máximo, para mantê-los em
paz, pois isso é bíblico. (Rm 12:18; Ef 4:3).A recompensa pelo seu esforço, com
certeza, será boa. No caso de Abigail, ela acabou se casando com o Rei Davi! Da
mesma maneira, Deus tem tesouros para você. Creia nisso, e viva em Paz! Amém!#