Posted by : Francisco Souza domingo, 21 de julho de 2013


Derrubando Golias de sua Vida


O menino esbelto e imberbe ajoelha-se à beira do riacho. A lama umedece seus joelhos. A água borbulhante refresca sua mão. Se quisesse, ele poderia examinar seus belos traços na água. Seu cabelo tem a cor do cobre. Ele tem a pele bronzeada, cor-de-sangue, e os olhos que roubam o fôlego das moças hebréias. 

Entretanto, ele não procura pelo seu reflexo, mas por seixos. Pedras. Pedras lisas. O tipo de pedra que fica bem acomo­dado no alforje de um pastor; que se ajeita bem na funda de couro de um pastor. Pedras achatadas que pesam na palma da mão e são, com a força de um cometa, lançadas contra a cabeça de um leão, de um urso ou, neste caso, de um gigante.


Da encosta da montanha, Golias olha lá para baixo. Ele só não ri porque não acredita no que vê. Ele e seu bando de filisteus transformaram metade do vale em uma floresta de lanças; uma gangue rosnenta e sedenta de sangue formada por rufiões ostentando trapos, mau cheiro e tatuagens feitas com arame farpado. Golias está acima de todos eles: com quase 3 metros de altura, sem sandálias, usando cerca de 55 quilos de armadura e rosnando como se fosse o principal competidor na noite do campeonato da Federação Mundial de Luta Livre. Ele usa gola tamanho 48, um elmo GG e um cinto com cerca de 1,40 metro de comprimento. Seus bíceps sobressaem, os músculos das coxas formam ondas e os elogios que faz a si mesmo ecoam pelo desfiladeiro. "Eu desafio hoje as tropas de Israel! Man­dem-me um homem para lutar sozinho comigo" (1 Samuel 17:10). Quem lutará mano a mano comigo? Que venha o melhor atirador que vocês têm.

Nenhum hebreu se apresentou. Até hoje. Até Davi.


Davi só apareceu nesta manhã. Ele deixou de apascentar o rebanho para levar pão e queijo para seus irmãos na frente de batalha. É ali que Davi ouve Golias desafiando Deus, é esse o momento em que Davi toma a sua decisão. "Em seguida pegou seu cajado, escolheu no riacho cinco pedras lisas, colocou-as na sua sacola de pastor, em uma bolsa que tinha, e, com sua atiradeira na mão, aproximou-se do filisteu" (17:40).1
Golias zomba do rapaz e o apelida de Palito. "Por acaso sou um cão, para que você venha contra mim com pedaços de pau?" (17:43). Davi era magricelo, esquelético. Golias era corpulento, bruto. O palito de dente contra o tornado. A motoca indo de encontro ao caminhão de dezoito rodas. O poodle enfrentando o rottweiler. Na sua opinião, quais são as chan­ces de Davi vencer seu gigante?
Talvez ele tenha mais chances do que as que você se dá para vencer os seus próprios gigantes.
O seu Golias não carrega uma espada ou um escudo; ele ostenta as espadas do desemprego, do abandono, do abuso sexual ou da depressão. O seu gigante não desfila para cima e para baixo pelas montanhas de Elá; ele se ergue no seu escritório, no seu quarto, na sua sala de aula. Ele traz contas que você não pode pagar, notas que você não pode tirar, pessoas a quem você não pode agradar, o uísque que você não consegue resistir, a pornografia que você não consegue rejeitar, uma carreira da qual você não consegue escapar, um passado em que você não pode mexer e um futuro que você não consegue encarar.
Você conhece muito bem o rugido de Golias.
Davi enfrentou um que buzinava seus desafios de dia e de noite. "Durante quarenta dias o filisteu aproximou-se, de manhã e de tarde, e tomou posição" (17:16). O seu faz a mesma coisa.

O primeiro pensamento da manhã, a última preocupação da noite — o seu Golias domina o seu dia e se infiltra na sua alegria.

Há quanto tempo ele o persegue? Os familiares de Golias eram inimigos antigos dos israelitas. Josué os expulsou da terra prometida tre­zentos anos antes. Ele destruiu todos, menos os que moravam em três ci­dades: Gaza, Gate e Asdode. Gate gerava gigantes assim como as sequóias no parque nacional de Yosemite. Adivinhe onde Golias foi criado.Você vê a letra G em sua jaqueta? Colégio de Gate. Seus antepassados eram para os hebreus o que os piratas eram para a marinha de Sua Majestade.
Os soldados de Saul viram Golias e murmuraram: "De novo, não. Meu pai lutou contra o pai dele. Meu avô lutou contra o avô dele".
Você já resmungou coisas semelhantes: "Estou ficando viciado em trabalho como meu pai."; "O divórcio atravessa nossa árvore genealógica como um perene galho de carvalho."; "Minha mãe também não conse­gue manter uma amizade. Será que isso nunca vai parar?"
Golias: o valentão de longa data do vale, mais duro do que carne de segunda, rosna mais do que dois dobermanns. Ele está à sua espera pela ma­nhã e vem atormentá-lo à noite. Ele perseguiu seus antepassados e agora surge diante de você; impede a passagem do sol e o deixa na sombra da dúvida. "Ao ouvirem as palavras do filisteu, Saul e todos os israelitas fica­ram atônitos e apavorados" (17:11).
Mas o que estou dizendo para você? Você conhece Golias. Você reconhece o andar dele e recua diante de suas palavras.

Você já viu o seu Godzilla. Desemprego, Solidão, humilhação, Depressão.   
A pergunta é: ele é tudo o que você vê?

Você conhece a voz dele — mas é ela tudo o que você ouve? Davi viu e ouviu mais. Leia as primeiras palavras que ele pronunciou, não só na batalha, mas na Bíblia: "Davi perguntou aos soldados que estavam ao seu lado: 'O que receberá o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel? Quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?'" (17:26).
Davi aparece falando sobre Deus. Os soldados nada mencionaram sobre ele, os irmãos nunca falaram seu nome, mas Davi entra em cena e levanta a questão do Deus vivo. Ele faz o mesmo com o rei Saul: não joga conversa fora falando sobre a batalha ou fazendo perguntas sobre as chances de vitória. Ele traz somente um recado de Deus: "O SENHOR que me livrou das garras do leão e das garras do urso me livrará das mãos desse filisteu" (17:37).
Ele continua o assunto com Golias. Em resposta ao escárnio do gigante, o jovem pastor diz:

Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu vou contra você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o SE­NHOR o entregará nas minhas mãos, eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Todos os que estão aqui saberão que não é por espada ou por lança que o SENHOR concede vitória; pois a batalha é do SENHOR, e ele entregará todos vocês em nossas mãos (17:45-47).

Ninguém mais fala sobre Deus. Davi não fala sobre outra coisa senão em Deus.
Um enredo secundário surge na história. Mais do que "Davi versus Golias", esse enredo passa a ser "o foco em Deus versus o foco no gigante".
Davi vê o que os outros não vêem e se recusa a ver o que os outros vêem. Todos os olhos, exceto os de Davi, voltam-se para o brutal granda­lhão que irradia ódio. Todas as bússolas, menos a de Davi, estão fixadas na estrela polar do filisteu. Todos os jornais, menos o de Davi, descrevem, dia após dia, a terra daquele homem pré-histórico. As pessoas sabem de seus insultos, de suas exigências, de seu tamanho e de seu andar altivo. Todos eram especializados em Golias.
Davi é especialista em Deus. Como você pode imaginar, ele vê o gigante; mas ele vê Deus com nitidez ainda maior. Observe com atenção o grito de guerra de Davi: "Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu vou contra você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel" (17:45).
Observe o substantivo no plural — exércitos de Israel. Exércitos? O observador comum vê apenas um exército de Israel. Mas Davi não. Ele vê os Aliados no Dia D: pelotões de anjos e infantarias de santos, as armas do vento e as forças da terra. Deus poderia fazer bolinhas do inimigo como fez com o granizo para Moisés, fazer muralhas ruírem como fez para Josué, trovejar com estrondo como fez para Samuel.2
Davi vê os exércitos de Deus. E por causa disso "saiu correndo em direção ao exército para enfrentar o filisteu" (17.48).3
Os irmãos de Davi cobrem os olhos, com medo e vergonha. Saul suspira enquanto o jovem hebreu corre para a morte certa. Golias joga a cabeça para trás numa gargalhada, o suficiente para mover seu elmo de lugar e expor um pedacinho da testa. Davi percebe o alvo e aproveita o momento. O som da funda esticando é a única coisa que se ouve no vale. Estiiiiiiiica. Estiiiiiiiica. Estiiiiiiiica. A pedra segue seu vôo pelo ar e em seguida torpedeia a cabeça do gigante; os olhos de Golias entortam e as pernas se dobram. Ele cai ao chão e morre. Davi corre e desembainha a espada de Golias, fere o filisteu e corta-lhe a cabeça.
Você talvez diga que Davi soube arrancar a cabeça de seu gigante.
Quando foi a última vez em que você fez a mesma coisa? Quan­to tempo faz desde o dia em que você enfrentou seu desafio? Temos a tendência de recuar, de nos metermos debaixo da mesa do trabalho ou de nos arrastarmos para uma boate em busca de distração ou para uma cama à procura do amor proibido. Por um instante, um dia ou um ano, sentimo-nos seguros, isolados, anestesiados, mas o trabalho acaba, a be­bida desaparece ou o amante nos deixa — e ouvimos o Golias de novo: estrondoso, bombástico.
Experimente uma tática diferente.

Faça seu gigante correr ao se deparar
com uma alma cheia de Deus.

Faça Deus aumentar e o Golias diminuir. Receba alguma solução irrevogável do céu. Gigante do divórcio, você não vai entrar na minha casa! Gigante da depressão? Você pode levar uma vida inteira, mas não me vencerá. Gi­gante do álcool, do fanatismo, do abuso infantil, da insegurança... você vai cair por terra. Quanto tempo faz desde que você pegou o seu estilingue e acertou o seu gigante?
Você disse que faz muito tempo? Então Davi é o exemplo que você tem a seguir. Deus o chamou de "homem segundo o meu coração" (Atos 13:22). Ele não deu esse título a nenhum outro. Nem a Abraão ou Moisés ou José. Ele chamou Paulo de apóstolo, João de seu amado, mas nenhum deles foi identificado como um homem segundo o coração de Deus.
Alguém talvez leia a história de Davi e se pergunte o que Deus viu nele. O camarada caía toda vez que se levantava, tropeçava toda vez que vencia. Ele perturbou Golias com o olhar, mas cobiçou Bate-Seba com os olhos; desafiou os escarnecedores de Deus no vale, mas se juntou a eles no deserto. Em um dia, era um escoteiro condecorado e, no outro, fazia amizade com mafiosos. Pôde liderar exércitos, mas não pôde administrar uma família. Davi se irritava. Davi lamentava. Tinha sede de sangue. Ti­nha fome de Deus. Tinha oito esposas. Tinha um Deus.
Um homem segundo o coração de Deus? O fato de Deus vê-lo do modo como ele é enche-nos de esperança. A vida de Davi tem pouca coisa a oferecer ao santo imaculado. Os de alma reta acham a história de Davi decepcionante. Para o restante de nós, ela é reconfortante. Estamos na mesma montanha-russa. Alternamos entre bons mergulhos e barrigadas contra a água, suflês e torradas queimadas.
Nos bons momentos de Davi, ninguém foi melhor. Em seus maus momentos, alguém poderia ser pior? O coração que Deus amava era um coração cheio de altos e baixos.
Precisamos da história de Davi. Os gigantes andam à espreita em nossa vizinhança. Rejeição. Fracasso. Vingança. Remorso. Nossos confli­tos parecem o programa de um pugilista profissional:

§ "No evento principal, temos o Cara Decente contra o Clube dos Cafajestes!'
§ "Pesando 50 quilos, Elizabeth, A Garota do Caixa, lutará com unhas e dentes contra os Idiotas que Pegarem e Partirem seu Coração."
§ "Deste lado, o frágil casamento de Jason e Patrícia. Do lado opos­to, o rival que vem do estado da confusão, o destruidor de lares chamado Desconfiança."

Gigantes. Temos de encará-los. Contudo, não precisamos enfren­tá-los sozinhos. Concentre-se primeiro, e, na maior parte do tempo, em Deus. As vezes em que Davi fez isso, os gigantes caíram. Os dias em que não fez, foi Davi que caiu.
Teste essa teoria com a Bíblia aberta. Leia 1 Samuel 17 e faça uma lista com as observações que Davi fez com relação a Golias.
Achei apenas duas: uma afirmação para Saul sobre Golias (v. 36) e uma diante de Golias — "Quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?" (v. 26).
É isso. Dois comentários relacionados a Golias (e, falando nisso, co­mentários insignificantes) e nenhuma pergunta. Nenhuma pergunta sobre a habilidade, a idade, a posição social ou o QI de Golias.

Gigantes. Temos de encará-los. Contudo,
não precisamos enfrentá-los sozinhos.

Davi não pergunta nada sobre o peso da lança, o peso do escudo ou o significado da caveira com as duas tíbias cruzadas que estavam tatuadas nos bíceps do gigante. Davi não pensa no diplódoco na montanha. Ele é um zero à esquerda.
Contudo, ele pensa muito em Deus. Leia as palavras de Davi nova­mente, desta vez sublinhando as referências que ele faz ao Senhor.
"Os exércitos do Deus vivo" (v. 26).
"Os exércitos do Deus vivo" (v. 36).
"O SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel" (v. 45).
"O SENHOR o entregará nas minhas mãos [...] e toda a terra saberá que há Deus em Israel" (v. 46).

Você está quatro vezes mais propenso a descrever a força de Deus do que a descrever as exigências de seu dia?

"Não é por espada ou por lança que o SENHOR concede vitória; pois a batalha é do SENHOR, e ele entregará todos vocês em nossas mãos" (v. 47).4

Contei nove referências. São nove pensamentos acerca de Deus comparados a dois pensamentos acerca de Golias. De que forma essa proporção se compara com a sua? Você pensa quatro vezes mais na graça de Deus do que na sua culpa? Sua lista de bênçãos é quatro vezes mais longa do que sua lista de reclamações? Seu arquivo mental de esperança é quatro vezes mais denso que seu arquivo mental de medo?Você está qua­tro vezes mais propenso a descrever a força de Deus do que a descrever as exigências de seu dia?
Não? Então Davi é o homem certo para você.
Alguns notam a ausência de milagres na história dele. O Mar Ver­melho não se abre, não há carruagens de fogo nem Lázaros mortos que saem andando. Nenhum milagre.
Mas há um. Davi é um milagre. Uma maravilha ambulante de Deus que, embora tosca, ilumina em cores vividas esta verdade:

Erga os olhos, matador de gigantes. O Deus que fez de Davi um milagre está pronto para fazer o mesmo com você.

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