Posted by : Francisco Souza domingo, 10 de setembro de 2017

A graça de Deus, o fundamento de uma vida santa

(Tt 2.11-15)

O APÓSTOLO Pa u l o , n e s s a e p ís t o l a a
Tito, faz uma inversão em sua costumeira metodologia. Nas cartas aos Romanos,
Gálatas, Efésios e Colossenses, ele ensina a doutrina e, depois, estabelec o dever. Em sua costumeira abordagem, primeiro dá o preceito, depois orienta a conduta; primeiro ensina a teologia, depois a ética.

Erdm an tem razão ao dizer que o credo afeta a conduta, e esta não pode suster-se sem fé; a doutrina não é mais im portante que a conduta, mas a conduta está condicionada pela fé. Por essa razão Paulo fundam enta todas as exortações do capítulo em um
sumário do evangelho que, quanto à
beleza, profundidade e significado, é possivelmente insuperável.


Conforme o ensino de Paulo, a doutrina determina a ética, a teologia desemboca na conduta e a ortodoxia produz a ortopraxia. Nessa carta, porém, Paulo primeiro abordou o dever (2.1-10) e só depois ofereceu a sustentação doutrinária (2.11-15). Kelly corretamente diz que a partícula porquanto indica que Paulo está para declarar o fundamento teológico do conselho que acabou de dar.^°'

Não importa a ordem, o que é absolutamente indispensável é a estreita conexão que deve existir entre doutrina e vida, teologia e ética. Concordo com o comentário de John
Stott de que essas duas formas de abordagem são legítimas, desde que o elo indestrutível que existe
entre a doutrina e a ética seja colocado e m a n t i d o . S e n d o assim, destacamos três pontos a título de introdução. Em primeiro lugar, a vida pura é consequência direta da teologia pura. A decadência moral instalada nas igrejas contemporâneas denuncia a fragilidade da sua teologia.

O nde a doutrina é ignorada, torcida ou adulterada, não pode haver santidade. A vida pura é resultado da doutrina pura. A teologia é mãe da ética. Assim como o homem crê, assim ele é. Em segundo lugar, a transformação nos relacionamentos é resultado direto da transformação da graça. Depois que Paulo falou dos relacionamentos transformados (2.1-10), deu a fundamentação teológica para essa transformação (2.11- 15). Paulo falou do padrão divino para os homens e as mulheres idosos; para as mulheres recém-casadas e para os jovens solteiros; para os líderes e para os servos. Contudo,
esperar relacionamentos transformados sem a graça de Deus é impossível. Primeiro o homem é transformado pela graça; SÓ depois ele experimenta relacionamentos transformados. Em terceiro lugar, a conexão entre doutrina e vida é absolutamente necessária para uma igreja saudável O espírito do pós-modernismo repudia a ideia de verdades absolutas. Prevalece o pluralismo das ideias e o individualismo na escolha das ideias que mais lhes atendam os interesses
imediatos.


Nesse contexto, falar em doutrina, teologia e conhecimento é remar contra a correnteza.
As pessoas desprezam o conhecimento e correm atrás de experiências subjetivas. Elas não querem pensar; querem sentir. O sensório tom ou o lugar do racional. Muitas igrejas abandonaram a sã doutrina e ainda pensam, equivocadamente, que podem viver de forma agradável a
Deus. Isso é um absoluto engano. O Espírito Santo nos guia na verdade, e não à parte dela. Existe uma estreita e inquebrantável conexão entre a doutrina bíblica e a vida que agrada a Deus. Os que
desprezam a doutrina acabam caindo na teia do relativismo moral. A impiedade sempre desemboca na perversão. Hans Burki sintetiza a passagem em tela, dizendo que ela exalta a graça de Deus manifesta no passado (2.11) e educa os discípulos de Jesus no presente (2.12), cuja revelação
plena é aguardada no futuro (2.13), e cujo alicerce e força são o amor do Redentor, o qual purifica seu povo e o leva a viver com zelo sagrado (2.14).^°^ Vamos examinar a fundamentação teológica para uma vida santa, buscando essa conexão entre doutrina e dever.

A manifestação da graça (2.11)

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (2.11). Só podemos ter uma
vida santa A graça de Deus, o fundamento de uma vida santa por causa da epifania, “manifestação” da graça de Deus. A graça de Deus sempre existiu. Deus sempre foi gracioso.
Porém, em Cristo, essa graça despontou majestosa da mesma forma que o romper da alva.
O substantivo epifaneia significa a visível aparição de alguma coisa ou de alguém que estava invisível. Essa palavra era usada no grego clássico em relação à alvorada, ao amanhecer, quando o sol transpõe a linha do horizonte e se torna visível.

É a mesma palavra que aparece em Atos 27.20, quando Lucas diz que por vários dias nem o sol nem as estrelas apareceram [fizeram epifania], E claro que as estrelas ainda estavam no céu, mas não apareceram. A graça de Deus brilhou como sol sobre aqueles que viviam nas regiões da sombra da morte. Essa graça se manifestou quando Jesus nasceu num a estrebaria, cresceu num a carpintaria e morreu numa cruz.


Essa graça brilhou quando de seus lábios se ouviam palavras de vida eterna, quando ele curava os enfermos, purificava os leprosos, lançava fora os demônios e ressuscitava os mortos. A graça resplandeceu quando o Filho de
Deus entregou sua vida  na cruz e a reassumiu na gloriosa manhã da ressurreição. A graça se manifestou para resgatar o homem do seu maior mal e oferecer a ele o maior bem. Destacamos três aspectos da epifania da graça: Em primeiro lugar, a origem da graça (2.11). Paulo fala da graça de Deus. A graça tem sua origem em Deus. Ela emana de Deus. Embora Deus sempre tenha sido gracioso, pois é o Deus de toda a graça, ela se tornou visível em Jesus Cristo. A graça de Deus foi esplendorosamente mostrada em seu humilde nascimento, em suas graciosas palavras e em seus atos movidos de compaixão; mas, sobretudo, em sua morte expiatória.^“*^ T ito e Filemom - doutrina e vida um binôm io inseparável

A graça de Deus é totalmente imerecida. Não há nada em nós que reivindique o amor de Deus. Não há nenhum merecimento em nós. O amor de Deus tem nele mesmo sua causa. A graça é um favor imerecido. Deus trata de forma benevolente aqueles que merecem seu juízo. Em segundo lugar, a natureza da graça (2.11). A graça de Deus é salvadora. A graça é o favor superabundante de Deus pelos pecadores i n d i g n o s . K e l l y diz que a graça de Deus representa o favor gratuito de Deus, a bondade espontânea mediante a qual ele intervém para ajudar e livrar os h o m e n s . E m Jesus, a graça de Deus desponta como um sol sobre o m undo escurecido pelas sombras da morte. Gosto da definição de William Hendriksen: A graça de Deus é seu favor ativo que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos.-'“ Por isso, a graça triunfa sobre nossa iniquidade.


Ela é maior do que o nosso pecado e melhor do que a nossa vida. Onde abundou o pecado, superabundou a graça. Somos salvos pela graça. Vivemos pela graça. Dependemos da graça. Nada somos sem a graça. Por causa da graça, embora perdidos, fomos achados; embora mortos, recebemos vida. Em terceiro lugar, a extensão da graça (2.11). A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. A epifania da graça não alcança todos os homens
quantitativamente, mas todos os homens quaUtativamente. A salvação é universal no sentido de que alcança todos aqueles que sao comprados para Deus, procedentes de toda
tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9), mas não no sentido de
todos os homens, sem exceção. A salvação é universal porque

A graça de Deus, o fundamento de uma vida santa alcança todos os homens sem acepção, mas não a todos os homens sem exceção. Não há universalismo na salvação. O que a Bíblia ensina sobre a universalidade da graça de Deus é que ela rompe todas as barreiras, derruba todos os preconceitos e alcança pessoas de todos os gêneros, idades e posições (2.1-10). A graça é acessível a todos: homens e mulheres, idosos e jovens, escravos e senhores, judeus e gentios.^“ Nessa mesma linha de pensamento João Calvino afirma:
“A salvação é comum a todos”, e isso fica expressamente claro pelo fato de Paulo mencionar os escravos cristãos. Porém, Paulo não alude aos homens no individual, mas destaca classes individuais, ou seja, diferentes categorias de pessoas. Concluo esse ponto citando Albert Barnes; O plano de Deus tem sido revelado a todas as classes de homens e a todas as raças, inclusive servos e chefes; vassalos e reis; pobres e ricos; ignorantes e sábios.^'’

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