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A Morte do Egípcio, um Ato Impensado e Prematuro
Este ato de Moisés encerra uma lição profundamente
prática para todos os servos de Deus. Duas circunstâncias se ligam com ela, a
saber: o receio da ira do homem e a esperança do favor humano.
O servo do Deus
vivo não deve atentar numa nem outra. Que importa a ira ou o favoritismo dum
pobre mortal àquele que está investido da incumbência divina e que goza da
presença de Deus?-Para um tal servo estas coisas têm menos importância que o pó
dos pratos duma balança. "Não o mandei eui- Esforça-te e tem bom ânimo;
não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde
quer que andares" (Js 1:9). "Tu, pois, cinge os teus lombos, e
levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar-, não desanimes diante deles,
porque eu farei com que não temas na sua presença. Porque eis que te ponho hoje
por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a
terra; e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus
sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão
contra ti; porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar" (Jr
1:17-19).
Colocado assim sobre este terreno elevado, o servo
de Cristo não olha a uma e outra banda, mas atua de acordo com o conselho da
sabedoria celestial: "Os teus olhos olhem direitos e as tuas pálpebras
olhem diret amente diante de ti" (Pv 4:25). A sabedoria divina f az-nos
sempre olhar para cima e para a frente. Sempre que olhamos em redor para evitar
o olhar desdenhoso de um mortal ou para merecer o seu sorriso, podemos estar
certos que há qualquer coisa que está mal; estamos fora do terreno próprio de
serviço divino. Falta-nos a certeza de termos a incumbência divina e de
sentirmos a presença do Senhor, ambas as coisas tão essenciais.
É verdade que há muitos que, por ignorância
profunda ou excessiva confiança em si próprios, entram para uma esfera de
serviço para a qual Deus nunca os destinou e para a qual, portanto, os não
preparou. E não só o fazem como aparentam uma frieza de ânimo e uma confiança
em si próprios perfeitamente espantosas para aqueles que podem formar um
conceito imparcial dos seus dons e dos seus méritos. Contudo essas aparências
depressa cedem à realidade, e não podem modificar em nada o princípio que nada
pode impedir realmente o homem de olhar "a uma e outra banda" senão
aconvicção íntima de ter recebido uma missãodeDeuse de desfrutar a Sua
presença. Quando possuímos estas coisas somos inteiramente livres das
influências humanas e estamos independentes dos homens. Ninguém está em tão
boas condições de servir os homens como aquele que é independente deles;
contudo, aquele que conhece o seu verdadeiro lugar pode baixar-se e lavar os
pés dos seus irmãos.
Quando desviamos o olhar do homem e o fixamos sobre o
único Servo verdadeiro e perfeito, não o encontramos "olhando a uma e
outra banda", pelo simples motivo que nunca procurou agradar aos homens
mas a Deus. Não temia a ira do homem nem cortejava o seu favor. Os Seus lábios
nunca se abriram para provocar os aplausos dos homens, nem jamais os fechou
para evitar as suas críticas. Por isso, o que dizia e fazia tinha uma santa
estabilidade e elevação. Jesus é o único de quem se pôde dizer com verdade,
"cujas folhas não caem e tudo quando fizer prosperará" (Sl 1:3). Em
tudo que fazia prosperava, porque fazia todas as coisas para Deus. Cada ação,
cada palavra, cada movimento, cada olhar, cada pensamento era como um belo
cacho de frutos enviados ao alto para refrescar o coração de Deus. Jamais
receou pelos resultados da Sua obra, porquanto sempre trabalhou com e para Deus
na compreensão plena da sua vontade. A Sua própria vontade, posto que fosse
divinamente perfeita, nunca se confundiu com o que, como homem, fazia sobre a
terra, e assim podia dizer: "Porque eu desci do céu, não para fazer a
minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6:38). Por isso,
deu "o seu fruto na estação própria" (Sl 1:3), e fez sempre o que
agradava ao Pai (Jo 8:29), e, portanto, nada teve que temer, nem necessidade de
arrepen¬dimento nem de "olhar a uma e a outra banda".
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