Posted by : Francisco Souza
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
A identidade de Elias, O profeta Elias e sua vida de fé e milagres
A
identidade de Elias
Seu
nome, sua terra e sua gente
Como
vimos, o relato sobre a vida do profeta Elias
inicia-se com uma declaração sobre a sua pessoa, sua terra e seu povo: “Então,
Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade” (1 Rs 17.1). O nome Elias, deriva
do termo hebraico Helohim, traduzido
como Deus. Helohim aparece muitas
vezes na sua forma abreviada El. Por outro lado, a palavra Jah é uma abreviação hebraica para o Iahvé, o nome impronunciável de Deus para os judeus. Dessa forma o
nome “Elias” é uma combinação das abreviaturas dos nomes El (Deus) e Jah (Senhor). Quando levamos em conta o pronome possessivo
hebraico, a tradução do nome Elias é O Senhor
é o meu Deus ou ainda Meu Deus é
Jeová.
Elias
era de Tisbe, um lugarejo situado na região de Gileade e a leste do rio Jordão.3
Esse lugar não aparece em outras passagens bíblicas, mas é citado somente no
contexto do profeta Elias (1 Rs 21.17; 2 Rs 1.3,8; 9.36). Charles R. Swindoll
(2010, pp. 28,29) destaca que Gileade, região onde vivia o profeta Elias, “era
um lugar solitário e de vida ao ar livre, onde seus habitantes eram
provavelmente rudes, queimados do sol, musculosos e fortes. Nunca foi um lugar
de educação, sofisticação e diplomacia. Era uma terra árida, e muitos acham que
a aparência de Elias tinha muita relação com sua terra. Seus hábitos beiravam o
grosseiro e o áspero, o violento e o severo — não muito diferente de outros
personagens fortes que Deus introduzira na cena em certos momentos da história
de um mundo insuspeito. Estes personagens podem não ter muitos amigos, mas uma
coisa é certa: eles não são ignorados. Os profetas são sempre assim”.4
Elias
se tornou muito maior do que o meio no qual vivia. Na verdade não foi Tisbe que
deu nome a Elias, mas foi Elias que colocou Tisbe no mapa! “Elias foi um grande
campeão de Deus. Sua vitória estava no fato de que ele fazia o que Deus lhe
ordenava e confiava que Deus não o decepcionaria. A vida de Elias nem sempre
transcorreu tranquila. Ele viveu em uma época de grande corrupção política,
moral e espiritual. A sua vitória é prova de que o crente pode ser vencedor,
mesmo que tenha de viver e trabalhar entre ímpios. Quanto maiores são as
trevas, maior é o brilho da luz (Mt 5.14-16)”.5
Davi,
Pedro, Paulo, também construíram uma história cheia de sentido e significância.
Da mesma forma Gunnar Vingren, Daniel Berg, Emílo Conde, etc. Todos nós
deveríamos imitá-los e viver de tal modo que a nossa história se tornasse um
testemunho para a posteridade.
Sua
fé e seu Deus
Para termos uma compreensão sobre o lugar que o Deus de Israel ocupa no contexto dos profetas Elias e Eliseu, se faz necessário entendermos a teologia dos livros dos Reis. A teologia desse livro mostra claramente que há um único Deus bem como um único local de adoração, o Templo. Thomas Ro-mer (2010, p.377) destaca que “a veneração do Senhor em Betei ou em Dan constitui o “pecado de Jeroboão” (2 Rs 10.30). Seu culto em outros “lugares altos” e sua veneração em companhia de Baal, de Ashera ou outras divindades caracterizam o “pecado dos pais” (isto é, dos reis anteriores, cf. 1 Rs 15.3).
A ideologia de Reis é, portanto, antipoliteísta, exclusivista e antissamaritana”.6 Elias era um homem comprometido com a adoração verdadeira. Como um israelita professava sua fé no Deus verdadeiro que através da história havia se revelado ao seu povo. Com o desenrolar dos fatos, vemos o profeta afirmando essa verdade. Quando ele desafiou aos profetas de Baal, orou: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel e que eu sou teu servo e que segundo a tua palavra fiz todas essas coisas” (1 Rs 18.36). Essa oração do profeta revela pelo menos três fatos que são cruciais no contexto do livro de 1 Reis:
1. Uma teologia correta sobre a divindade — “Tu és Deus”. O deus Baal existia na mente do povo, mas ele não era Deus. Se a teologia do povo estava errada, então sua crença forçosamente também estava. Sem uma teologia correta a fé fica deformada. Elias procura corrigir esse aleijão da fé israelita quando chama-lhes a atenção para o fato de uma única divindade — essa divindade é o Deus dos patriarcas. Infelizmente os problemas com as igrejas evangélicas hoje também estão no campo teológico. Uma teologia deformada, onde Deus é entendido como um grande garçom a serviço dos mais variados desejos, sem dúvida alguma é a grande responsável pelo processo de fragmentação que ora passamos. Estamos crescendo, mas é um crescimento com espumas.
2. Uma correta antropologia — “Eu sou teu servo". As culturas pagãs possuíam não só uma teologia errada, mas também uma antropologia errada. Sem uma compreensão adequada do papel do homem na religião, se torna muito fácil o culto se perverter. O estudo das religiões comparadas revela que os homens são divinizados e os deuses humanizados.
Nos dias de Elias, Baal era o deus não apenas da natureza, mas também da fertilidade. Nesses rituais era natural a prostituição como parte do culto. Onde a teologia está errada, a antropologia também está. Merrill F. Unger (2008, p. 174) comenta que “os textos ugaríticos de Ras Shamra (Ugarite), datados do século XIV a.C., mostram Baal como filho de El, o rei do panteão cananeu, deus da chuva e da tempestade. Em Ugarite, a consorte de Baal era sua irmã, Anat, mas na Samaria do século 9o a.C., Aserá assume esse posto (18.19). Como Anat, ela era a padroeira do sexo e da guerra. Culto à serpente, prostituição masculina e feminina, assassinato e sacrifícios de crianças e todo vício concebível estavam associados à religião Cananeia. Os sacerdotes e profetas de Baal eram assassinos oficiais de criancinhas, por isso mereceram a morte (18.40).7
3. Uma correta bibliologia — “Conforme a tua Palavra fiz essas coisas”. O desprezo à Palavra de Deus esposada nos livros da Lei de Moisés sem dúvida fora a causa dessa apostasia. Os erros na teologia, antropologia ou em qualquer outra área da fé, tem sua origem numa compreensão inadequada da Palavra de Deus. Antonio Vieira, escritor do século XVI, costumava dizer que a Palavra de Deus quando dita no sentido daquilo que Deus disse, é a Palavra de Deus.Todavia quando dita no sentido daquilo que Deus não disse, são antes palavras do demônio. De fato existem milhares de cultos e crenças usando a Bíblia nos seus rituais. Todavia a Bíblia pregada por eles não são a Palavra de Deus, porque são ditas no sentido daquilo que Deus não disse. São interpretações para apoiar uma doutrina ou crença equivocada. São palavras do demônio.8